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Sopapo na mão de negro é religião (Giba-Giba)
Devido às charqueadas no período colonial, o estado do RS recebeu um aporte significativo de negros que chegaram para trabalhar sob o regime escravista, provenientes do continente africano. No Brasil os negros criaram um tambor à maneira que construíam na África, só que com troncos de árvores nativas e couro de cavalo, animal que era parte do sistema de trabalho existente nas charqueadas, servindo ao transporte de cargas e também aos deslocamentos do gaúcho, indivíduo que habitava o pampa, local constantemente envolvido em disputas de fronteira. Segundo o Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes, editado pela prefeitura do Rio de Janeiro, em 1996: “Sopapo (2) – Grande tambor, popularizado no RS, nos anos 70, pelo músico negro Gilberto Amaro do Nascimento, o Giba Giba”. Segundo algumas fontes tal instrumento era chamado na África de Yakupapa e no RS, provavelmente no século XVIII, recebeu o nome de "sopapo" pois era tocado com a mão espalmada sobre a pele superior. Medindo aproximadamente 1 metro e meio de altura por 60 cm de diâmetro, o sopapo é parte da identidade gaúcha, à medida que remete à construção do estado através da história do trabalho, valorizando a contribuição afrodescendente num estado costumeiramente associado à Europa através da imigração italiana e alemã, dentre outras. Ao longo do século XX o sopapo foi incorporado aos festejos de rua em cidades como Rio Grande e Pelotas, chegando à cidade de Porto Alegre na década de 60. Quase ao término do século XX, o instrumento desapareceu quase que por completo. Inicialmente foi retirado das baterias das escolas de samba, por um processo de "carioquização" imposto pela mídia de massa, sobretudo pela TV ao longo da década de 70 e 80. Boa parte da recuperação do sopapo, se deu através do Projeto CABOBU realizado em duas edições na cidade de Pelotas no final do século XX e início do século XXI. Foram encontros de celebração do sopapo, parte da riqueza de ritmos do pampa em diálogo com a brasilidade, tão atrelada à contribuição africana em seus tambores. Sopapo que é costumeiramente executado por homens, também em função do peso do instrumento, mas que pode ser tocado por mulheres e também por crianças, visto que o instrumento era inicialmente tocado com o instrumentista sentado sobre o instrumento, como reproduzido em aquarelas de Herrmann Rudolf Wendroth, artista plástico alemão que veio para o Brasil em 1851, contratado para lutar na Guerra contra Rosas.
Como dito anteriormente, o Sopapo esteve em vias de extinção no fim dos anos 90. Sua revitalização se deu pelo trabalho de artistas como Mestre Batista, Bataclã FC e Serrote Preto. O instrumento vem ganhando novo impulso através de um trabalho continuado envolvendo diferentes artífices (compositores, carnavalescos, produtores culturais, educadores, etc) portoalegrenses, que propiciou a retomada do instrumento pela bateria dos Bambas da Orgia no carnaval 2009 da cidade de Porto Alegre/RS, Brasil além de ações empreendidas junto a escolas, ONGs, sindicatos e Pontos de Cultura da cidade no sentido de disseminar a prática do sopapo entre crianças, adolescentes, adultos e idosos também do sexo feminino. Entre os novos instrumentistas destaque para Sandro Gravador, que encontrou no SOPAPO um toque mágico, que evidencia com propriedade ser tal tambor um instrumento quase religioso. É a emoção condensada através do toque. Cada música uma sensação, o mesmo ritmo, o mesmo compasso em condução personalizada, o que o torna um instrumento profundamente identificado com o seu executor. O que diferencia, é que a emoção sentida a cada melodia, toca o ritmo do coração de cada um. E aí, a gente toca a mesma música, com sentimento individual do coletivo. Os ritmos são determinados por nossos ancestrais. Foi ele – o Sopapo – o veículo que trouxe para cá a contribuição estrutural do ritmo, isto é, os elementos capazes de fundamentar as transformações, a fusão e a seleção dos ritmos e melodias, díspares das demais raças. Sendo assim, o sopapo é parte da memória viva do povo gaúcho.(...)fonte wikipedia
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