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sexta-feira, 5 de março de 2010

Coleção Nacional Instituto


Disco revolucionário na minha opinião. Grupo de produtores e uma pá de convidados de talento inqüestionável. Segue o release faixa a faixa desta pérola!

Instituto - Coleção Nacional



Mesmo com o sucesso de crítica nacional e internacional de seu disco de estréia "Sambadelic", o produtor Rica Amabis continuou trabalhando como engenheiro de som. Nos intervalos, ele e o também produtor e engenheiro de som Tejo Damasceno gestaram o projeto Instituto - que engrenou com a entrada do multi-instrumentista, produtor e engenheiro de som Daniel Ganja Man, e da dupla Rodrigo Silveira e Márcio Simch, cuja responsa é traduzir graficamente o som feito pelo trio e seus inúmeros parceiros. Adotando um modus operandi inaugurado simultaneamente lá fora (pelos mestres de estúdio Prince Paul e Dan "The Automator", no projeto Handsome Boy Modelling School) e aqui (pelo Mamelo Sound System), o núcleo de produção registrou uma coleção de parcerias com figurões das mais diversas ciências sonoras - de Sabotage a Nação Zumbi sem problema nenhum. Batidas, samples e instrumentos se aliam pra gerar climas de samba, dub, hip-hop e jungle, que se alternam naturalmente ao desenrolar do disco - afinal, estamos no Brasil.

BEATBOXSAMBA: A introdução do álbum fica por conta de Fernandinho Beatbox, mais conhecido praticante desta arte por aqui e membro do Z'África Brasil, que demonstra suas habilidades misturando hip-hop e samba. Antesala perfeita pra faixa seguinte.

CABEÇA DE NÊGO: Um dos pontos altos de "Coleção Nacional". O rapper Sabotage lança mão (pela primeira vez) de sua veia sambista pra prestar homenagem tanto aos orixás quanto aos heróis anônimos da raça negra no país. De arrepiar.

DIA DE DESFILE: Outra faixa onde o hip-hop e o samba se encontram, mas com uma perspectiva diferente. O tratamento dado aos vocais de Rappin' Hood (autor do standard "Sou Negrão"), e a poderosa linha de baixo gravada por Dengue da Nação Zumbi, remetem ao dub jamaicano.

NA LADEIRA: Produzida por outro membro da Nação (o mestre do ritmo Pupilo) e Rica, essa faixa tem o tempero manguebeat acentuado pelo vocal de Roger Man (do Bonsucesso Samba Clube). É a primeira do disco que agrega vários instrumentistas, entre eles Daniel Ganja Man, Quincas Moreira (que também assina o "Dub do Galo") e Alexandre Basa (do Mamelo Sound System).

O DIA SEGUINTE: As batidas do institucional Tejo e do aliado Zé Gonzales (que também risca em "Cabeça de Nêgo") servem de cama pra BNegão deitar mais uma profecia político-espiritual. Como de costume, o MC carioca brilha ao microfone - dessa vez com direito a citação do Tim Maia Racional e reforço de Otto, que canta o refrão. O galego aproveita a brecha e encarna uma alma penada que poderia ter saído da lendária casa noturna paulistana Madame Satã.

SOLARIS: Essa daí é a Nação Zumbi inna rub-a-dub style ou, se preferir, Los Sebozos Postizos. A percussão do combo de Recife é substituída por beats eletrônicos a cargo de Pupilo e Rica Amabis, numa faixa instrumental em que Dengue brinca de Family Man (baixista do Bob Marley), Lúcio Maia de Jeff Parker (guitarrista do Isotope 217) e Jorge Du Peixe presta suas homenagens ao finado mestre da melódica Augustus Pablo.

SÓ MAIS UM SAMBA: Outra instrumental, esse lounge com timbres lo-fi é a primeira produção de Daniel Bozio depois de sair do Mamelo Sound System, um bem-bolado com o mano Amabis que conta ainda com a clarineta de Luca Raele (Sujeito a Guincho). As tintas sonoras usadas por eles lembram tanto o trabalho solo do (tecladista dos Beastie Boys) Money Mark quanto o violão do divino Cartola.

DAMA TEREZA: Se em "Cabeça de Nêgo" Sabotage já apavora na levada do samba, aqui a casa cai. Cantando pra caralho, com sutileza malandra até umazora, ele se mostra digno de uma linhagem de contadores de história como Nelson Sargento e Monarco da Portela, nessa que é uma de suas melhores composições até aqui - e sem dúvida a melhor fusão de rap com samba que já se teve notícia.

TABOCAS: Nessa faixa o Z'África Brasil aparece com formação quase completa: além de Fernandinho, os MCs Gaspar e Funk Buia + o parceiro constante DJ Periférico (do Autoload) se unem ao Instituto e o baterista Sapotone pra passar sua mensagem, no som mais sério do disco. O grito de guerra contra o sistema pesa legal e o refrão, uma exaltação a Zumbi, bate forte.

VERDIN 2: A cozinha da Nação Zumbi soma forças com o trio nesse groove instrumental liderado pelo Hammond de Ganja Man.

DUB DO GALO: Interlúdio gravado em casa pelo músico e produtor Quincas Moreira e seu filho Lucas (que tinha à época um e meio de idade).

#1: Primeira colaboração sonora oficial entre Ganja e seu irmão Maurício Takara, engrossa o bloco dos temas instrumentais de forma substancial. Destilando influências do jazz-funk de Roy Ayers e da Banda Black Rio, a dupla chega num resultado de deixar os roqueiros-jazzistas do Tortoise ruborizados.

KIANCA: Beats chapados e sampler de assovio numa faixa com vocação pra trilha de filme feita pelo produtor gaúcho Flu.

JUNTANDO COCO: Remix do Instituto pra canção tradicional "COCO DO PNEU / UMA MEDALHA DOURADA / CAVALHEIRO, RODE A DAMA / A DESPEDIDA" de Dona Cila, Heleno Oliveira e Jaime Gonzaga do Nascimento, contém scratches do menino-prodígio Kid Koala.

SÓ VOU DEIXAR OS OSSOS: Apesar da grande mídia não engolir sua lírica corrosiva, Fred Zero Quatro é, ao lado de Mano Brown, o melhor letrista desses tempos. Aqui, ele faz uma alegoria sórdida da condição nacional - com as bençãos de Jorge Ben, Joe Strummer do The Clash e Serge Gainsbourg - sobre uma base recheada de ecos e delays.

TRAIDORES DA BABILÔNIA (TRAIDORES DUB): O disco se encerra com a faixa de reggae instrumental que dá nome ao projeto paralelo de integrantes dos grupos gaúchos Ultramen e Comunidade Nin-Jitsu. São quase dez minutos de sincera devoção a Mad Professor, Lee Perry e outros mestres jamaicanos.



Download de Coleção Nacional Instituto


http://www2.uol.com.br/instituto/

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